Ilha do Pico
A ilha do Pico é a segunda maior ilha dos Açores, com uma forma alongada, devido aos seus 46,2 quilómetros de comprimento e 15,8 de largura, sendo dominada pelo vulcão da Montanha do Pico na sua metade ocidental. Esta ilha é a que está mais a sul do Grupo Central dos Açores, sendo um dos vértices das chamadas “ilhas do triângulo”. O seu ponto mais elevado, aos 2350 metros de altitude, sendo também o mais alto de Portugal, estando no Piquinho, na Montanha.
A sua descoberta por navegadores portugueses terá sido a par das demais ilhas do grupo central, que inicialmente ficou conhecida por Ilha de D. Dinis, e que o nome atual deriva pelo reconhecimento como maior montanha portuguesa. Crê-se que terá sido a última ilha do grupo central a ser povoada, após um esforço concretizado principalmente a partir da década de 1480.
Os colonos portugueses, após a escala na Terceira e Graciosa, escolheram as Lajes como local de residência, porém, durante o primeiro século do povoamento, as plantações de trigo e da planta tintureira do pastel são frágeis, pouco permitindo o desenvolvimento económico. O clima seco e quente em algumas zonas do Pico, juntando a riqueza dos minerais nos solos de lava, a plantação que agarra nesta ilha é a cultura da vinha, com predomínio da casta verdelho.
Ao longo do tempo, o vinho e a aguardente picoenses vão-se destacando entre a produção vinícola açoriana, sendo apreciados dentro e fora da ilha, algo que permitiu o desenvolvimento da vitivinicultura, particularmente ao longo do século XVIII. Ao ser exportado para a Europa e para a América, este verdelho picoense atinge fama internacional, chegando inclusive a marcar presença na mesa dos czares russos. Neste sentido, a relação com o Faial torna-se forte, tanto no plano administrativo, como económico, devido ao fato que a Horta funciona como porto de exportação dos produtos do Pico, que carece de enseadas seguras.
No primeiro quartel do século XVIII, Pico é marcado por erupções vulcânicas, que se tornaram numa espécie de prenúncio para o término da época dourada do verdelho e em meados do século XIX, as doenças infestantes como o oidium e filoxera devastaram os vinhedos, perdendo-se este cultivo, esfuma-se a tradição e o prestígio, e consequentemente os habitantes emigram para o Brasil e América do Norte, para aqueles que ficaram, o mar foi a sua salvação.
Desde o século XVIII que o Pico tem contacto com a atividade baleeira, em que frotas inglesas e norte-americanas procuram o cachalote nas águas em redor do Pico. As barcas utilizam os portos do Pico, para descanso da tripulação, abastecimento de mantimentos, estaleiros de reparação e posto de recrutamento de novos braços para a dura batalha contra os gigantes do mar. E na segunda metade do século XIX, surgem os primeiros intentos da comunidade local para abraçar esta atividade, prosperando e alastrando para outras ilhas do arquipélago. Até ao seu declínio, em meados do século XX e terminando em 1986, com o impedimento da caça aos cetáceos, na sequência da assinatura pelo Estado português da moratória proibitiva da Comissão Baleeira Internacional.
Até hoje, o Pico veio recuperando as tradições seculares e reinventando-as, mantendo uma ligação estreita com o cachalote, o contacto com os cetáceos, agora protegidos, têm sido a pedra de base da indústria turística. Porém, a vitivinicultura também voltou a ter alguma importância, ajudando a economia da ilha. A agricultura, a pecuária e a pesca também são atividades relevantes.
A particularidade da vinicultura picoense é reconhecida internacionalmente, obtendo a classificação da Paisagem da Cultura da Vinha como Património Mundial da Humanidade, pela UNESCO, em 2004.