Ilha da Terceira
Terceira é a segunda ilha mais habitada dos Açores, com 30,1 quilómetros de comprimento e 17,6 quilómetros de largura, esta é a ilha mais a leste das cinco que compõem o Grupo Central dos Açores. O ponto mais elevado da ilha, aos 1021 metros de altitude, está situado na Serra de Santa Bárbara. Tendo sido a terceira ilha a ser reconhecida por navegadores portugueses, entre os finais de 1420 e inícios de 1430, esta ilha primeiramente denomina-se de Ilha de Jesus Cristo, sendo depois rebatizada por Terceira, tendo em conta a ordem das descobertas anteriores, Santa Maria e São Miguel.
O seu povoamento foi o mais tardio face ao grupo oriental, tendo sido apenas em 1449, que Infante D. Henriques incumbe Jácome de Bruges, flamengo de nascença, humanizar a ilha. Apesar deste investimento, o efetivo povoamento da ilha só terá sido realizado a partir de 1470, principalmente nas zonas centrais Praia e Angra, que gizaram o aparecimento de povoações pelo resto do território.
Durante os séculos XV e XVI, a relevância da baía de Angra é notória tanto como entreposto comercial interno, em que promoveu o circuito de produtos regionais produzidos nas demais ilhas, como se assume como escala intercontinental para as naus que navegavam entre a Europa e a América e a Índia. Em 1534, é fundada a cidade de Angra, que torna como fulcro político, económico e religioso dos Açores, tendo abundantes metais preciosos e especiarias exóticas que tornam esta ilha num alvo privilegiado e continuado de corsários ingleses, franceses, castelhanos e flamengos.
Perante a subida ao trono de Portugal do rei espanhol Filipe II, os terceirenses apoiaram as pretensões de D. António, Prior do Crato, candidato português. Espanha tenta acalmar a rebelião açoriana, porém o primeiro desembarque de tropas castelhanas, em 1581, acaba numa pesada derrota espanhola, na famosa Batalha da Salga. Após dois anos, a segunda tentativa de domínio tem resultado, após violentos combates. Em 1640, com a Restauração de Portugal, é recuperada a independência e a Terceira solidifica a sua posição central no arquipélago.
Uma vez mais, o espírito de bravura é testado nas Guerras Liberais, que a maioridade adepta da causa liberal, a população terceirense reage contra o domínio absolutista, já comodamente instalado noutras paragens. No ano de 1829, uma batalha naval termina com a derrota das tropas absolutistas de D. Miguel, que estariam a tentar desembarcar no areal da Praia. E com tal feito, esta vila passa a ser conhecida por Praia da Vitória. Neste período histórico, a ilha da Terceira funcionava como base para D. Pedro IV, para puder organizar a reconquista do trono e consolidar a monarquia constitucional, sendo Angra nomeada capital do reino de Portugal e obtém o acrescento “do Heroísmo”. No ano de 1832, a armada e exército toma rumo ao continente, desembarcando na praia do Mindelo, um momento épico na vitória do ideal liberalista.
Na Segunda Guerra Mundial, foi permitido aos britânicos instalarem uma base militar próxima da Praia da Vitória, tornando-se posteriormente a Força Aérea Norte-Americana, a reconhecida Base das Lajes, que traz novas influências aos habitantes locais.
Hoje em dia, Terceira é uma ilha dinâmica historicamente, em que o centro angrense foi reconhecido como Património Mundial da Humanidade, pela UNESCO em 1983.