Património das Caldas da Rainha

O primeiro pensamento associada à cidade de Caldas da Rainha, é a sua fonte termal, toda a génese e essência da cidade provém do termalismo. Ao longo do centro histórico da cidade é possível viajar pelos séculos em que a cidade se desenvolvia conforme a procura pelas suas águas, tão adoradas pela Rainha Dona Leonor.

Nascida em 1458 e falecida em 1525, a Rainha Dona Leonor é recordada pelas suas ações de carinho e assistência aos mais necessitados e iniciativas culturais. Foi ela que criou o primeiro hospital termal na cidade de Caldas da Rainha e a Misericórdia de Lisboa, a nível de ajuda a quem mais precisava e no caso da cultura, protegendo a Gil Vicente e Damião de Góis, apoiando as artes e imprensa e sendo responsável pela versão imprensa e traduzida da obra de Christine de Pisan, O espelho de Cristina (1518), considerada como o início do movimento feminista. A Rainha também se dedicou a iniciativas religiosa, como a fundação dos conventos da Madre de Deus e da Anunciada.

No verão de 1484, a Rainha D. Leonor refugiou-se em Óbidos, para se afastar a doença que alastrava por Lisboa. Durante as suas viagens, a Rainha D. Leonor terá visto os pobres andrajoso e outros doentes de frialdades a banharem-se nas termas das Caldas, que se encontravam em condições desumanas. Este acontecimento sensibilizou-a e mandou erguer um padrão de alvenaria, para não se esquecer este lugar. No ano seguinte, iniciou-se a construção de um Hospital, para todos os seus utentes pudessem encontrar conforto. A povoação desenvolveu-se em redor deste edifício e sobre a proteção da Rainha D. Leonor, criou-se uma auréola de projeção às artes e artistas, que tem vindo a perdurar ao longo dos séculos.

Por ela fundado, o Hospital Termal encontra-se no Largo do Termal, construído a 1485 e foi considerado como o primeiro hospital termal do mundo. A Rainha Dona Leonor usufruía das suas águas juntamente com as pessoas mais necessitadas, por ela abraçadas. Entre outros:

  • Igreja Nossa Senhora do Pópulo – autoria do Mestre Mateus Fernandes, esta igreja foi elevada a Igreja Matriz da cidade. As suas pequenas dimensões apresentam uma enorme conjugação de estilos, entre eles está o estilo Manuelino. Em 1504, esta igreja foi palco de uma das obras emblemáticas de Gil Vicente, Auto de São Martinho, protegido da Rainha.
  • Capela do Espírito Santo – remonta ao século XV, sendo mais tarde reconstruida, no século XVIII e no seu interior encontra-se retábulos do século XVI, da autoria de Diogo Teixeira. Nesta destaca-se na fachada, o escudo da Ordem Terceira de São Francisco.
  • Capela de São Sebastião – na Praça da República, também conhecida como Praça da Fruta, que da sua estrutura inicial, apenas encontramos a roseta e os painéis de azulejos.
  • Estátua da Rainha D. Leonor – situada na entrada sul da cidade, junto ao Parque D. Carlos I, a está são feitas honras e homenagens pelos Bombeiros Voluntários das Caldas da Rainha, no 15 de Maio – dia oficial da cidade.
  • Pavilhões do Parque D. Carlos I – edificados pelo arquiteto Rodrigo Berquó, representativo da história do termalismo caldense. Estes edifícios tinham a finalidade de ser a área de internamento do Hospital, mas nunca foram utilizados para tal. Ao longo dos tempos, estes albergaram várias instituições da cidade. Uma grande ambição de Rodrigo Berquó para as termas, era transformar o Hospital juntamente com os Pavilhões, numa estância termal, para serem uma das estâncias mais importantes da Europa do século XIX. Os Pavilhões foram edificados junto ao lago do Parque, uma imagem que viria a tornar-se num dos cartões-de-visita da cidade.
  • Céu de Vidro – ponte de ligação entre o Largo do Hospital Termal e o Parque D. Carlos I, estão unidos por um percurso coberto pelo Céu de Vidro, ornamentado com trabalhos de ferro forjado, como os candeeiros em forma de dragão. Este foi reconstruido conforme o original, oriundo dos tempos de grande atividade no Hospital Termal, e encontra-se junto ao antigo Casino e da antiga Casa da Cultura. Atualmente, neste espaço decorrer atividades culturais, como exposições e pequenas feiras.
  • Chafarizes – na Caldas da Rainha encontram-se três chafarizes, inseridos na antiga rede de abastecimento de água, que fora promovida pelo Rei D. João V., responsável também, pela renovação do Hospital em 1750. Estes chafarizes assumem um elemento do período barroco, situados em três locais diferentes. O chafariz mais icónico é o das Cinco Bicas, estando junto ao Hospital, a caminho da Mata, passando pela Praça da República ou na direção da rotunda da Rainha, no sentido para a Foz do Arelho. Este juntamente com os outros dois chafarizes, fazem alusão às sete filhas de Altas e da oceânide Plêione (divindade feminina personificada por cursos de água, que descende até ao Oceano).

Ainda protegendo a veia cultural e artística, a rainha D. Leonor permitiu o desenvolvimento do seu legado, e hoje as Caldas da Rainha é reconhecida como um pólo artístico:

Casa Museu São Rafael – localizada na Rua Rafael Bordalo Pinheiro, este foi fundado em 1884, com peças produzidas da fábrica do ceramista local, Rafael Bordalo Pinheiro, sendo exibidas diferentes peças em relação aos distintos períodos da sua vida. Já, o acervo da Casa Museu é composto por cerâmica produzidas ao longo dos anos da Fábrica Bordalo Pinheiro, mantendo algumas peças originais e outras cópias do artista, no final do século XIX.

  • Morada – Rua Rafael Bordalo Pinheiro, nº 53. 2504-911 Caldas da Rainha.
  • Horário – Terça-feira a Sexta-feira das 09h00 às 12h30 (Visita por marcação).

Faianças Artísticas Bordallo Pinheiro – loja oficial da Fábrica de Rafael Bordalo Pinheiro, juntamente com a Casa Museu São Rafael, onde se encontra um restaurante completamente decorado com as peças da Fábrica.

Centro de Artes – é uma estrutura municipal protegida pelo Pelouro da Cultura, que visa apoiar o desenvolvimento das Artes e da Cultura. Para além dos Museus Municipais, esta ainda integra infraestruturas, criadas pela Câmara Municipal, que apoiam a produção artística e promove eventos e atividades no âmbito cultural. Esta oferece a artistas e estudantes condições para o seu aprofundamento e desenvolvimento profissional e artístico. Enquadrando estas, também estão os programas de residência temporária e parcerias privadas e institucionais. Atualmente, nas galerias de exposição temporária encontra-se – duas no Atelier-Museu António Duarte, uma no Atelier-Museu João Fragoso e uma no Museu Barata Feyo.

Atelier-Museu António Duarte – Inaugurado a 1985, após a doação da coleção do Mestre António Duarte (1912-1998) à sua cidade natal, Caldas da Rainha. Neste museu, encontra-se grande parte da sua produção escultórica, distribuídas por várias salas que apresentam desde escultura pública, constituídos por esbocetos, modelos e maquetes, a um registo mais íntimo e pessoal do artista. Também é possível encontrar núcleo de Arte Sacra.

Atelier-Museu João Fragoso – Inaugurado a 1994, este seguiu a política cultural da autarquia, começada com o Atelier-Museu António Duarte. O museu foi construído para acolher as obras do artista João Fragoso (1913-2000) e para criar um espaço de oficina que possibilitasse a continuidade da sua produção artística.

Espaço Concas – este núcleo museológico encontra-se instalado no edifício dos Ateliers Municipais, fundado em 2009. Neste é possível descobrir parte de obras plásticas da pintora Concas (1946-1991). Estas obras apresentam as várias fases da sua vida, os primeiros desenhos em Moçambique, trabalhos enquanto frequentava a Escola de Belas Artes de Lisboa e uma obra que terminou na véspera da sua morte. A pintora Maria da Conceição Nunes integrou o “Grupo Seis”, composto por vários artistas, que estiveram na origem da Escola Superior de Artes e Design das Caldas da Rainha.

Museu Barata Feyo – inaugurado em 2004 e projetado por um dos filhos, Arquiteto António Barata Feyo, recolhe um importante acervo deste escultor da escola do Porto. Salvador Barata Feyo (1899-1990) foi escultor, ensaísta e pedagogo, destacou-se com as suas obras de retrato, escultura oficial e escultura religiosa.

  • Morada – Rua Dr. Ilídio Amado. 2500-217 Caldas da Rainha.
  • Horário – Terça-feira a Sexta-feira das 9h00 às 12h30 e das 14h às 17h30. Sábados, Domingos e feriados: 9h00 às 13 e das 15h às 18h

Museu da Cerâmica – localizado num palacete romântico, este museu é composto por uma importante coleção de cerâmica, organizada por temas, que abrange o século XVI ao XX, compreendendo os núcleos de cerâmica: contemporânea, representativa dos principais centros, estrangeira e caldense. O museu apresenta também um importante setor de azulejaria.

  • Morada – Rua Ilídio Amado – Apartado 97. 2504-910 Caldas da Rainha.
  • Horário – Terça a Domingo das 10h às 12h30 e das 14h às 17h.

Museu do Ciclismo – inaugurado a a 14 de dezembro de 1999, e reúne peças que representam a história do ciclismo em Portugal. Este é gerido pela Associação para o Desenvolvimento do Ciclismo (ADC), estando integrada na Câmara Municipal das Caldas da Rainha, a Federação Portuguesa de Ciclismo e o Sporting Clube das Caldas. A ADC visa a dinamização do ciclismo e da sua história, através de ações de promoção da modalidade, recolha de espólio e registo histórico do ciclismo, formações técnico-pedagógica na área do ciclismo, a através da utilização da bicicleta, promovem e dinamizam provas desportivas, também desenvolve edições de publicações na área velocipédica e eventos, como colóquio, seminários, entre outros, para a promoção desta.

  • Morada – Rua de Camões. 2500-107 Caldas da Rainha.
  • Horário – Terça-feira a Sexta-feira – 10h/ 1230 – 14h/ 17h30. Sábado – 10h/ 12h30 – 14h30/ 17h. Domingo – 10h/ 12h30 – 14h/ 17h30.

Museu do Hospital e das Caldas – o edificado tem origem na antiga “Caza Real”, conhecida por ter assistido a Rainha Dona Leonor durante as suas visitas à cidade. Este museu apresenta as memórias da instituição e do espaço urbano que se desenvolveu ao longo dos tempos. O seu espólio é composto por pintura, escultura, talha, ourivesaria, paramentaria, mobiliário, cerâmica, documentos gráficos e instrumentos médicos e científicos provenientes do século XX.

  • Morada – Rua Rodrigo Berquó. 2500 Caldas da Rainha.
  • Horário – Terça-feira a Sexta-feira das 10h às 12h e das 14h às 17h. Sábado: das 9h00 às 12h e das 14h às 17h. Domingos e feriados: 9h00 às 12h30

Museu José Malhoa – encontra-se no centro do Parque D. Carlos I, possuindo um acervo de pintura, escultura, medalhística e cerâmica do último quarto do século XIX e início do século XX. O setor da pintura contém um conjunto de obras de José Malhoa, enquanto o núcleo de cerâmica concentra-se nas obras de Rafael Bordalo Pinheiro.

  • Morada – Parque D. Carlos I. 2500-109 Caldas da Rainha.
  • Horário: Terça a Domingo das 10h às 12h30 e das 14h às 17h30

Museu Bernardo – este visa o apoio, defesa e divulgação da arte contemporânea, através de eventos como exposições, ciclos, mostras e intercâmbios internacionais, entre outros. O museu apresenta uma programação alternativa, e ocupa dois espaços, o museu e a Casa Bernardo, encontra-se na moradia num bairro limítrofe ao Parque D. Carlos I.

  • Morada – Rua Engº Duarte Pacheco nº 16. 1o Esq, 2500, Caldas da Rainha
  • Horário – para mais informações contactar 966 319599

Por forma a manter o espírito artístico da cidade, foram desenvolvidos tanto infraestruturas de apoio como entidades que promovam a arte e cultura portuguesa:

Centro Cultural e de Congressos – este edifício moderno e contemporâneo, inaugurado a 15 de maio de 2008, visa o desenvolvimento de atividades culturais, entre espetáculos musicais, teatros e exposições, e também organização e realização congressos.

  • Morada – Rua Dr. Leonel Sotto Mayor. 2500-227 Caldas da Rainha.

Centro de Juventude – espaço focado para a juventude, onde decorrem atividades ligada à cultura, música, dança e exposições.

  • Morada – Praça 25 de Abril. 2500-110 Caldas da Rainha

Teatro da Rainha – companhia profissional de teatro e centro formativo de artes dramática com 27 anos de vida, realizaram várias peças e espetáculos fora da mãe casa (Caldas da Rainha), em Évora, Coimbra, Lisboa e Porto, promovendo uma experiência de digressão nacional e internacional. Futuramente, o Teatro da Rainha terá as suas próprias instalações, a Caixa Preta.

Para aqueles que apreciam o comércio tradicional, as Caldas da Rainha apresenta as suas típicas ruas de comércio:

Rua das Montras – o seu verdadeiro nome é Rua Almirante Cândido dos Reis, mas a população caldense chama a esta artéria a Rua Das Montras, visto que nesta sempre existiu um ativo comércio tradicional. Esta rua é a ponte entre a cidade e o centro histórico.

Rua de Camões – também envolvida pelo comércio tradicional, em especial pela área da cerâmica. Nesta está localizada uma das pastelarias mais antigas da cidade, a pastelaria Machado. Esta rua conduz ao Largo do Hospital Termal, e no seu percurso também se encontra o Museu do Ciclismo e a discoteca Parque, e permite o acesso ao Parque D. Carlos I.

Avenida Heróis da Grande Guerra – uma das principais artérias da cidade, é possível encontrar uma variedade de comércio tradicional, entre joalharias, perfumarias, lojas de moda, desporto, decoração, entre outras.

Praça da Fruta – uma grande peculiaridade da cidade, é o único mercado diário ao ar-livre, no centro da cidade. Esta é procurada pela sua produção biológica, onde se encontram dos mais variados legumes e frutas.