Gastronomia do Oeste
A gastronomia da Região Oeste é variada e rica, dos pratos da matança do porco, ao cabrito no forno e coelho guisado, passando pelas caldeiradas, pargos e robalos de Peniche e da Nazaré, juntando os mariscos dos viveiros de Porto das Barcas e as enguia e amêijoas da Lagoa de Óbidos.
Remontando à fundação do reino e às sabedorias dos monges dos conventos e mosteiros da região de Alcobaça, criando a tradição da doçaria conventual. Esta influência conventual, das trouxas, lampreias de ovos, das cavacas das Caldas da Rainha, aos pastéis de feijão de Torres Vedras e aos pães-de-ló do Landal, Painho e Alfeizerão. Nunca esquecendo do aroma e sabor das maçãs, das peras rochas e das uvas.
Sendo uma das maiores regiões vinícolas de Portugal, a sul do Oeste encontram-se os vinhos tintos encorpados, aromáticos e de precioso valor alcoólico – castas Camarate, Periquita e Tinta Miúda. Já a norte, são procurados vinhos vivos enquanto novos, intensos e equilibrados enquanto velhos, mas também os vinhos brancos frutados, como castas Arinto, Fernão Pires e Vital. No que respeita ao vinhos leves, com um teor alcóolico mais baixo, a Lourinhã oferece a Origem Controlada de Aguardente Vínica.
O concelho de Alcobaça é reconhecido pela sua Maçã – a Maçã de Alcobaça, uma fruta que ao ser servida, tanto natural como transformada em doçaria, mantém o seu sabor e enriquece qualquer prato em que esteja presente. Um prato típico deste concelho, é o frango na púcara, um frango guisado, aos pedaços, acompanhados de arroz e batatas fritas. No que respeita à doçaria, destacam-se a trouxa-de-ovos, delícias de Frei João, pudim de ovos do Mosteiro de Alcobaça e o pão-de-ló de Alfeizerão. Anualmente decorre a Mostra Internacional de Doces & Licores Conventuais, um evento que permite Alcobaça apresentar a sua doçaria, juntamente com outras regiões, tanto nacionais como internacionais. Neste também é apresentado o licor de ginja de Alcobaça, produzido nesta região desde 1930.
Um prato típico da região de Alenquer, especificamente do Carregado, é o torricado. A forma de cozinhar este prato consiste em torrar e untar com azeite e alho, o pão, para acompanhar o bacalhau assado ou a sardinha assada. Este associa-se ao trabalho dos camponeses, quando se ausentavam das suas casas durante alguns dias, uma vez que as terras, onde trabalhavam, não ficavam perto das suas residências. Isto obrigava-os a fazer um farnel, que fosse fácil de conservar, para não estragar durante as viagens e dias.
O concelho de Arruda dos Vinhos apresenta-se com cerca de duas dezenas de restaurantes e casas de petiscos, em que nestes é possível apreciar distintos pratos de peixe e bacalhau, grelhados de diversas carnes e diferentes doçarias da região saloia. De forma a promover o néctar, que apelida a terra, são organizados eventos como a Festa da Vinha e do Vinho, uma mostra de vinhos reconhecida a nível nacional, tanto pela apresentação de bons vinhos e gastronomia da região, mas também pela dinamização do ambiente. Outro evento é o Mês da Gastronomia em Arruda dos Vinhos, que promove a gastronomia e os vinhos do concelho, através de um concurso, em que diversos restaurantes expõem as suas iguarias a um júri pratos. Algumas iguarias representadas durante este evento são: as favas guisadas com entrecosto, bacalhau assado com batatas a murro e as Bruxas de Arruda, elementos que complementam a atratividade do concelho.
No concelho do Bombarral maior destaque é para a Pera Rocha, nacionalmente e internacionalmente reconhecida, e excelente acompanhante da doçaria, e os vinhos provenientes da Companhia Agrícola do Sanguinhal e do vinho “Loridos – Brutos”. Anualmente decorre o evento Festival do Vinho Português e a Feira nacional da Pera Rocha.
A gastronomia do concelho de Cadaval é bastante rica e diversificada especialmente a doçaria, destacando-se o pão-de-ló do Painho, conhecido como doce das vindimas, o mel proveniente de as Serra de Montejunto, em que os seus pastos e flores alimentam as abelhas que conferem as características deste mel, e o Bolo de Pera Rocha da Zira, de uma produção artesanal que surge de uma proposta de várias entidades da Região Oeste, com o objetivo de obter uma doçaria que promova a qualidade da pera rocha do Oeste. Este doce foi experimentado pela primeira vez na Festa das Adiafas do Cadaval, a Outubro de 2003.
A gastronomia do concelho das Caldas da Rainha apresenta uma influência da cultura conventual, como as trouxas das Caldas, as lampreias de ovos, os bolos esses e as famosas cavacas e os beijinhos, são referências da riqueza, da singularidade e identidade cultural da cidade. Tanto as cavacas como os beijinhos das Caldas proveem de tempos longínquos, a sua confeção relaciona-se com a freguesia de S. Gregório, local onde nasceram as irmãs Rosalina e Gertrudes Carlota, duas doceiras na Corte, que foram obrigadas a deixar o seu cargo após o assassinato do rei D. Carlos. Ambas regressaram à sua terra natal e começaram a confecionar e a vender os famosos doces, junto ao Hospital Termal, em Caldas da Rainha. Relativamente aos pratos típicos, encontramos uma procura pela pescaria da Lagoa de Óbidos, como por exemplo o Ensopado de Enguias da Lagoa, Caldeiradas, mariscos da Lagoa.
As casas produtoras de Vinhos do Porto beneficiaram da Aguardente da Lourinhã para confecionar os seus vinhos licorosos, com apoio da Estação Vitivinícola Nacional, as estas foram testadas e a sua qualidade foi confirmada. Em termos comparativos, estão ao nível europeu das aguardentes francesas das regiões de Cognac e Armagnac. No que respeita à doçaria do concelho da Lourinhã, encontramos os amendoados, oriundos dos princípios do século XIX, são pequenos bolos secos, de cor amarela dourada, em que sobressai a coroa com pedaços de amêndoa; o Pão-de-ló de Miragaia, uma referência da aldeia de Miragaia, sua massa é batida, tradicionalmente, e durante meia hora num alguidar de barro vidrado, uma vez batida massa, essa vai ao forno de lenha, num tacho de esmalte e após a sua cozedura, este apresenta uma aparência cremosa; o Paimogo, um pequeno bolo de cor castanha amarelada, é confecionado com gemas de ovos, amêndoas, açúcar e essência de baunilha, criado por Zélia Pereira. Entre outros, temos as Areias Brancas, bolinhos tradicionais da Praia da Areia Branca e as Delícias do Convento, proveniente da velha tradição conventual portuguesa, já que se baseia nos ingredientes da doçaria religiosa: ovos, açúcar e amêndoa.
Uma tradição de secar o pescado, em demasia, é bastante conhecida na Nazaré, sendo uma maneira de conservar o pescado para dias de maior escassez, garantindo o alimento para as famílias ou para a venda nos mercados. As espécies mais utilizadas para a secagem são o carapau, batuques, sardinha, petinga, cação e polvo com o seu devido tempo de secagem. A gastronomia nazarena é especializada em pratos de peixe e marisco, mais especificamente, na caldeirada nazarena, o peixe fresco grelhado, entre sardinhas, carapaus, douradas, robalos, etc., a massa de peixe, tanto de robalo ou sargo, são as mais emblemáticas especialidades. Outros pratos como a açorda de marisco, o arroz de tamboril, as cataplanas de peixe e/ou marisco, outros como berbigão, amêijoa, camarão e sapateira, são pratos também muito conhecidos na Nazaré. No que toca à doçaria, realça-se os támares, as sardinhas e os nazarenos.
A gastronomia do concelho de Óbidos é bastante influenciada pelo alimento da Lagoa de Óbidos, sendo fortemente caracterizada pelo peixe e mariscos, que confecionam pratos como a Caldeirada de Peixe e Enguias fritas. Mas não obstante, dos campos e criação de gado, caracterizam-se pratos como Ensopado de cabrito e carne na brasa. Devido ao microclima, a região de Óbidos produz bons vinhos como os vinhos das Gaeiras, assim como a ginja, um licor reconhecido internacionalmente, celebrizado como a bebida mais tradicional e típica de Óbidos. No que respeita à doçaria desta região, destacam-se as trouxas de ovos, lampreias das Gaeiras, alcaides, pegadas e pastéis de Moura.
As gentes de Peniche desde sempre se dedicaram à pesca, devido à sua proximidade com o mar, e consequentemente a sua gastronomia esteja relacionada com o peixe e marisco. Nesta sobressaem a Caldeirada de Peniche e a Sardinha assada. Em termos da doçaria encontra-se os Pastéis de Peniche, os Amigos de Peniche, e uns biscoitos de amêndoa chamados “esses”. Na Avenida do Mar e o Largo da Ribeira são dois pontos da cidade em que estão localizados maior parte dos restaurantes com grandes variedades e especialidades.
A gastronomia do concelho de Sobral de Monte Agraço é variada, desde o bacalhau ao cabrito, acompanhados por excelentes vinhos brancos e tintos, nunca esquecendo dos tradicionais queijos frescos e bolos de perna. Um evento que promove a gastronomia deste concelho é as Tasquinhas do Sobral, que conta com a participação de várias associações na confeção de pratos típicos da região, oferecendo aos visitantes os deliciosos doces e petiscos do Sobral de Monte Agraço, e para conhecer um pouco mais do património histórico, este evento ainda promove a animação musical, danças, ranchos folclóricos do concelho.
Um representativo da gastronomia de Torres Vedras é o pastel de feijão, oriundo da receita familiar de D. Joaquina Rodrigues da Silva, em que sua sobrinha-neta Maria Adelaide Rodrigues da Silva aprende a arte de confecionar a iguaria gastronómica típica de Torres Vedras. No seu casamento com Álvaro de Fontes Simões, reconhecido pelo caráter empreendedor, esta união resulta na exploração dos Pastéis de Feijão de forma comercial, criando a primeira marca – “Maria Adelaide Rodrigues da Silva”. Sendo uma produção estendida para além de Torres Vedras, surgindo as primeiras fábricas, a “Coroa” e a “Brasão”. Relativamente aos vinhos, Torres Vedras detém uma das áreas vinícolas mais extensas de Portugal e da Região Oeste, assumindo-se como um dos maiores produtores de vinho, a nível nacional. Os vinhos produzidos nesta área são particularmente encorpados, aromáticos e com algum valor alcoólico nos tintos, já os brancos são frutados, leves e de baixo teor alcoólico.