Douro

Num vale que tem vindo a ser um ponto de interesse, chamando curiosos, surge o Douro, que se deixa envolver por um clima mediterrânico, num território quente e seco, perfeito para a cultura da vinha, oliveira, amendoeira e de frutos como a cereja, o figo, o pêssego, a laranja, a maçã, um vale repleto de cores, vida e movimento, sobre uma vista heterogénea, em que se observar os vinhedos e socalcos, banhados pelo Douro. Uma paisagem de cortar a respiração desde o Douro ao Tua.

O Vale do Douro sempre fértil e assimétrico completo com os contrastes de cores, cheiros e movimentos, que resumem a vida e paixão das pessoas que aqui trabalham, criando tradições e sensações que partilham com o mundo, principalmente no célebre Vinho do Porto.

Portanto, percorrer este vale é não só conhecer um pouco mais dele, mas também para sentir a sua personalidade e identidade, construída pela natureza, através das paisagens e pelo Homem através do património religioso e cultural, artesanato e pela gastronomia, juntamente com o folclore das romarias e festas. Não escapando aos olhos do mundo, em 2001, a UNESCO elevou o Alto Douro Vinhateiro a Património da Humanidade.

Este território integra o vale do rio Douro, Porto e o Parque Arqueológico do Côa, em específico abrange treze concelhos: Alijó, Armamar, Carrazeda de Ansiães, Lamego, Mesão Frio, Peso da Régua, Sabrosa, Santa Marta de Penaguião, São João da Pesqueira, Tabuaço, Torre de Moncorvo, Vila Nova de Foz Côa e Vila Real, alcançando as encostas do rio Douro e afluentes, Varosa, Corgo, Távora, Torto e Pinhão.

A sua classificação como paisagem cultural, para além de preservar os aspetos também dinamizou a região duriense, pedindo a gestão de território, qualificação e valorização ambiental, visto que surgiu uma massa turística que procura a Rota do Vinho do Porto, que permitem aos interessados percorrerem uma região e anos da sua existência, juntamente com provas de vinhos e organização de eventos.

No que respeita à gastronomia apreciada nestas terras de planaltos xistosos e encostas graníticas, desenhadas pelos contornos do rio Douro, destacam-se o pão regional da Lapa, os enchidos caseiros, o cabrito assado em fornos de lenha, as trutas do Varosa, do Balsemão e do Vilar, não esquecendo dos torresmos à moda de Cinfães, dos milhos da Meda, do coelho bravo com míscaros do prado de Moimenta da Beira, do bazulaque de carnes de Tarouca ou mesmo as bôlas de Lamego. Passando para algo mais doce, destacam-se os doces de amêndoa de São João da Pesqueira, as cavacas de Resende e o bolo-rei de Tabuaço, e realçando as frutas sumarentas como as maçãs, peras, laranjas, cerejas e não chegando, também as castanhas dos soutos de Penedono.

Porém, é pecado não falar da alma deste vale, os Vinhos do Porto e Douro, únicos em Portugal, devido a todas as caraterísticas da Região Demarcada do Douro, desde os brancos, tintos, aguardentes, o Vinho do Porto é sem margem de dúvida, o mais notável, apetecível e sublime. O vinho é a força e peça do dinamismo desta região, desde o século V, a procura dos vinhos encorpados e fortes estimulavam a campanha do vinho de Lamego, o primeiro Vinho do Porto. Após dois séculos de forte persistência, os esforços deram lucros e o Vinho do Porto, entre os durienses, expandiu-se para o Porto, pelas embarcações, pelos rumores e pelas provas feita tanto pelo povo como pelos estrangeiros.

A magnificência do Vinho do Porto provém dos verões quentes e dos invernos rigorosos, do solo xistoso que por si conserva e refrata o calor, e as vinhas são coletadas pelas mãos dos trabalhadores, que apesar dos novos meios tecnológicos, o processo artesanal, dá aquele sabor único do um vinho já especial e aprovado pelo mundo.

No mês de setembro, as vindimas transformam-se no momento mais aguardado, é neste mês que é feito o trabalho da concretização do vinho, desde o corte ao lagar. De modo, a estimular um trabalho árduo, são realizadas festas, cantares que imprimem o ritmo nos pés e no coração, no pisar das uvas. Num ciclo de paixão, surge assim os vinhos do Douro, fortemente apreciado à mesa, em festas, em momentos de partilhas, os brancos, os tintos, as aguardentes, os espumantes do Varosa, os Vinhos do Porto em ruby, tawny, vintage ou Late Bottled Vintage são as estrelas e o centro da mesa.

Para os curiosos, para aqueles que querem participar no momento da concessão dos vinhos, foi criada a Rota do Vinho do Porto. De grande valor turístico, as regiões vitícolas são divulgadas pelo enoturismo que age como catalisador que estimula e melhor as condições de vida das populações rurais. De um lado, existe uma gama de pessoas que desejam estar presentes no processo dos vinhos, de outro lado, estão pessoas que melhoram as suas vidas devido a este nicho de mercado, preservando sempre os valores culturais e especialmente dos valores ambientais.

Portanto, os Produtores-engarrafadores, Adegas Cooperativas, Comerciantes do Vinho do Porto, Enotecas, Turismo em Espaço Rural, Centros de Interesse Vitivinícola, operadores de cruzeiros fluviais, restaurantes, empresas de animação turística são elementos essenciais para a promoção desta rota, indo ao encontro do que os interessados procuram e respeitando os valores da região e das pessoas envolvidas, desde o grande produtor ao empresário mais pequeno, que visam oferecer uma experiência aos seus curiosos, promovendo a autenticidade da vivência na Região Demarcada do Douro. Assim, a experiência vitícola que envolve todo os sabores do vinho e da gastronomia duriense, juntamente com o artesanato regional e toda a partilha das tradições e histórias, completam a verdadeira vida no Douro.