Festividades vividas na Madeira

Alguns dos eventos mais relevantes do Arquipélago da Madeira.

Durante a época natalícia, a Madeira celebra uma das principais tradições: as Missas do Parto e Missa do Galo. As Missas do Parto decorrem um pouco por toda a Madeira, as nove Missas anunciam o nascimento de Jesus e evocam os seus cânticos católicos, até ao final das Missas, seguindo-se a animação nos adros das igrejas, em que a população oferece os comes e bebes aos fiéis e visitantes, sendo sempre celebradas de madrugada, estas missas são celebradas por volta das seis da manhã. Já a Missa do Galo realiza-se da meia-noite e 24 para 25 de dezembro, após o jantar da Véspera de Natal. Esta detém este nome devido à lenda de um galo, em que se acredita que este terá sido o primeiro a presenciar o nascimento de Jesus, sendo assim este anuncia todos os natais, o nascimento de Jesus, através do seu canto. Nesta época, as ruas iluminam-se com luzes extravagantes, que dão início às festas de natal e de fim-de-ano. O final do ano é celebrado com o famoso espetáculo de fogo-de-artifício, que foi reconhecido pelo livro de recordes do Guinness em 2006, sendo o maior espetáculo do mundo. As comemorações estão integradas num rico programa de manifestações e momentos culturais, religiosos, etnográficos e artísticos, terminando no Dia de Reis.

Carnaval Madeirense

Quando o carnaval chega à Madeira, esta explode de atividades, festividades, cores e muita música, num ambiente carnavalesco que passa pelas festas mais tradicionais às mais espontâneas, porém todas oferecem o mesmo: alegria e boa disposição. Portanto, o que esperar das Festas de Carnaval na Madeira:

Sábado, à noite, o cortejo alegórico colorido e animado transporta milhares de visitantes e habitantes ao centro da cidade do Funchal, este é a principal atração das festas, contando com milhares de foliões vestidos com trajes vistosos e acompanhados com carros alegóricos enfeitados. Todos desfilam com a música, apresentando as suas coreografias que enlouquecem o público.

Durante a semana do carnaval, o Cortejo Trapalhão, que se realiza na terça carnavalesca, é o maior símbolo da tradição, que percorre a Rua da Carreira, abrigando habitantes e visitantes, em grupo ou indivíduos, em que a criatividade, alegria e diversão não faltam.

A Festa dos Compadres dão início às celebrações do carnaval madeirense, decorrendo em Santana, esta festividade tradicional está inserida nos rituais de passagem do inverno para a primavera e de renovação da comunidade local. Numa disposta entre sexos, entre compadres e comadres, que no final os bonecos representativos são queimados de forma a aliviar as tensões sociais, iniciando assim um novo ciclo na primavera.

Outra manifestação tradicional são os “Assaltos” de Carnaval, no período antecedente ao carnaval, em que grupos mascarados assaltam a casa de amigos, familiares e conhecidos para comerem as iguarias da época, entre “sonhos” e “malassadas”, um convívio diferente tomou posse, e os assaltantes também já levam iguarias.

Já na sexta-feira antecedente ao carnaval, a baixa do Funchal é brindada com foliões da Associação de Desenvolvimento Comunitário do Funchal que desfilam pela Avenida Arriaga até ao Jardim Municipal, em que realiza um espetáculo carnavalesco. Já durante a amanhã, as crianças desfilam por mesmo caminho, com as suas máscaras confecionadas por elas e pelos pais.

Ao longo das festividades do carnaval, cada unidade de diversão, unidades hoteleiras, restaurantes e bares, oferecem noites temáticas, entre as Noites dos Hippies e a Noite dos Travestis.

Verão Alegre na Madeira

Nos meses de verão, a Madeira fica repleta de festas e romarias tradicionais, às quais são denominadas de arraiais, muitos de carácter religioso. Em que no Arquipélago da Madeira, todas as paróquias celebram as suas festas e romarias, organizadas pelos festeiro, a pessoa que custeia as despesas desses arraiais e celebrações. Portanto, nessas festas a animação, música e comida são o seu ex-libris, em que as barracas em madeira ornamentadas com louro, são ponto de passagem obrigatório para se encontrar desde guloseimas, brinquedos, bebidas, variedades gastronómicas, entre outros, sem nunca podendo faltas o bolo do caco com manteiga de alho, o vinho da região ou a tradicional “laranjada”. Ainda nestas festas encontram-se três objetos típicos: o traje tradicional da Madeira, os Colares de Rebuçados e as Bonecas de Massa.

O traje tem evoluído ao longo dos tempos, sofrendo influências nacionais e estrangeiras, especialmente as minhotas, mouriscas, africanas e da Flandres. Enquanto o traje feminino é dominado pela cor vermelha, em que as mulheres casadas e solteiras, na Ponta do Sol têm capas vermelhas, as viúvas usam as suas capas em azul. No Funchal, Machico e Santa Cruz o vestuário é composto por uma saia de lã, de cor ou listada, acompanhada por um colete, um corpete vermelho e uma carapuça azul. Já o traje masculino mantém muitos dos seus traços originais, sendo composto por um calção branco, franzido sobre o joelho, uma camisa com pregas que pode ser bordada. A nível do calçado, tanto os homens como as mulheres usam umas botas, denominadas de botachas ou bota-chã, em pele de vaca curtida, o seu cano deve ser virado para fora, descendo até ao tornozelo e adornado por uma fita vermelha.

Os colares de rebuçados eram, antigamente, a alegria dos mais pequenos, que poupavam uns tostões para provarem esta delícia, a tradição mantém-se e estes são encontrados com muita facilidade nos arraiais.

Já a boneca de massa esteve quase em vias de desaparecer, porém esta foi retomada pela Casa do Povo do Curral das Freiras, que apelou aos habitantes para aprenderem a sua técnica e moldarem essas figuras. As bonecas de massa são feitas à base de farinha, água, fermento, corante de ovo ou de tangerina e um pouco de sal, todos misturados e dando uma massa que depois é trabalhada à mão, criando a figura da boneca e colocando sementes nos olhos, fitas coloridas para o cabelo e roupa, e por fim indo ao forno e está pronta.

Bailinho da Madeira

A música ouvida nos arraiais, como crónicas antigas em que diversos instrumentos, desde violas, guitarras, frautas, rabis e gaitas de fole, se juntam aos tambores e bombos e transformam o silêncio das montanhas em ritmos animados madeirenses, que requerem um acompanhamento específico, como o charamba e a mourisca – cantados, e o Bailinho, tanto cantado como dançado. Uma manifestação muito tradicionais e genuína dos povos é o folclore, que na Madeira é vivido de uma forma muito intensa, especialmente, durante as comemorações de determinadas fainas agrícolas, como as vindimas, ceifas e cavas, e durante festas religiosas, arraiais ou romarias. Atualmente, esta tradição folclórica mantém-se pelos grupos, através de danças e bailados, principalmente o “bailinho”, entre outras como a chamarrita, charamba, mourisca e bailinho das camacheiras. Os instrumentos muito utilizados no folclore madeirense são o machete, o rajão, a braguinha, rebeca, viola de arame, acordeão, triângulo e o tradicional “brinquinho” de fabrico local.

Festa do Vinho da Madeira

A Festa do Vinho Madeira é uma festividade muito atrativa que apresenta o néctar dos deuses e a sua importância socioeconómica no Arquipélago da Madeira. Esta decorre na altura das vindimas, entre os finais de agosto e inícios de setembro, para demonstrar e recriar os antigos hábitos da população madeirense, associados às seculares lides vitícolas. Estes festejos realizam-se desde os finais dos anos setenta do século XX, nomeadamente no Funchal, alargando território, e atualmente incluem a Semana Europeia de Folclore, que apresenta decorações, exposições e quadros alusivos ao vinho e às lides, sempre acompanhados por espetáculos de música ligeira e tradicional. Para encerrar esta festa, realiza-se a Festa das Vindimas, no Estreito de Câmara de Lobos. A Semana Europeia de Folclore é um festival que visa promover um convívio intercultural, apresentando as realidades etnográficas juntamente com a participação de grupos nacionais e estrangeiros, sendo dinamizado pelo Grupo de Folclore e Etnográfico da Boa Nova. No sábado de manhã, durante esta festa, o Estreito de Câmara de Lobos é o centro das atenções, com a Festa das Vindimas, numa quinta madeirense, decorre a vindima e seguidamente o cortejo etnográfico começa e termina na pisa das uvas, num lagar tradicional, envolto num ambiente de festejos, contando com música, animação e iguarias regionais.

Festa da Flor

A Festa da Flor é uma homenagem à primavera, à metamorfose e renascimento, da fertilidade à abundância das flores, da vegetação, das florestas que desenham um quadro colorido, perfumam o ar e embebedem o ambiente com as suas fragrâncias, que elevam a Madeira como um local floral e apelativo para a sua visita. Durante esta festa, no sábado de manhã, o Cortejo Infantil alegra as ruas, em que centenas de crianças vestidas a preceito desfilam como um mural de flores, “Muro da Esperança” até à Praça do Município. Uma iniciativa realizada há mais de três décadas, que une a genuinidade infantil à beleza floral, numa cerimónia que apela à paz mundial. A cerimónia termina com a largada de pombo e com um pequeno espetáculo infantil. Já no domingo à tarde, as ruas da baixa do Funchal são invadidas por música, cor e perfumes num desfile com carros alegóricos com múltiplas espécies florais, denominando-se o Cortejo Alegórico da Flor. Este é um dos acontecimentos mais marcantes e aguardados, realizado desde 1979. Neste desfile, juntam-se os carros alegóricos decorados com flores extravagantes e os trajes de figurantes, em que as crianças se destacam, adornados com diversas flores, ao longo de um itinerário, acompanhado por música e coreografias. Nesta festa também se destaca a tradição através de atuações de grupos folclóricos, construção de tapetes florais e exposições, como a Exposição da Flor, que visa a apresentação e avaliação dos exemplares dos mais variados tipos de flores produzidas em território madeirense, sendo avaliadas consoante as suas categorias e em que as melhores são distinguidas por um júri especializado. Relativamente aos tapetes e às decorações florais presentes nesta festa, que foram proliferando por toda a ilha, de origem religiosa, a sua beleza e minúcia fizeram com que os tapetes estivessem presentes nas ruas durante esta festa, sendo um grande atributo para a decoração citadina e bastante apreciada pelos visitantes e habitantes.

Festival do Atlântico

O Festival do Atlântico é uma festa que marca o início do verão na Madeira, animando as ruas madeirenses desde 2002, este conta com um conjunto de atividades culturais diversificadas, ao longo do mês de junho, entre espetáculos piromusicais, como Festival de Música da Madeira e a Semana Regional das Artes.

  • O Festival de Música da Madeira é um evento prestigiado, que visa o enriquecimento da oferta cultural da Madeira, com um programa composto por diversos géneros, reportórios, estilos e intérpretes que mantém a qualidade de um evento musical, em que alguns dos concertos decorrem no Centro das Artes – Casa das Mudas, Teatro Municipal Baltazar Dias e no Convento de Santa Clara. Este é organizado há mais de trinta anos, num mundo musica erudito.
  • A Semana Regional das Artes é organizado pela Associação Regional de Educação Artística – AREArtística, que visa demonstrar as aprendizagens e competências artísticas dos seus alunos madeirenses, desenvolvidas no percurso escolar e em eventos como a Festa no Jardim; Encontro de Modalidades Artísticas; Exposição Regional de Expressão Plástica e ESCOLartes. O programa desta semana artística passa pelo Canto, Expressão Dramática/Teatro, Instrumental, Cordofones Tradicionais Madeirenses e Dança, para além da Exposição Regional de Expressão Plástica, que inclui Concurso de pintura. Portanto, este evento partilha de experiências artísticas entre alunos e mentores.