Natureza das Ilhas Selvagens
As Ilhas Selvagens são compostas por dois grupos de pequenas ilhas, a Selvagem Grande e a Selvagem Pequena, compondo a Reserva Natural, criada em 1971, sendo a mais antiga de Portugal. Estas são consideradas como um santuário ornitológico, pelas suas condições que permitem a nidificação de aves marinhas.
Nestas ilhas, a fauna é dominada pelas aves marinhas que nidificam nesta, em que se destaca a cagarra (Calonectris diomedea borealis), tem maior densidade nesta zona, o calcamar (Pelagodroma marina hypoleuca) é a mais numerosa, a alma-negra (Bulweria bulwerii), o roque-de-castro (Oceanodroma castro) e o pintainho (Puffinus assimilis baroli). No que respeita às aves residentes destacam-se o corre-caminhos (Anthus bertheloti bertheloti), um passariforme cuja subespécie é a mesma que se encontra nas Ilhas Canárias mas não no Arquipélago da Madeira, e o francelho (Falco tinnunculus canadienses), uma subespécie endémica do Arquipélago da Madeira.
Relativamente aos vertebrados avistam-se a osga (Tarentola bischoffi) e a lagartixa (Teira dugesii selvagens), exclusivos das Ilhas Selvagens; já os invertebrados endémicos contam-se sobretudo coleópteros e lepidópteros. Nos gastrópodes terrestres destacam-se oito espécies, das quais uma é da Macaronésia, a Ovatella aequalis e uma endémica das Ilhas Selvagens, a Theba macandrewiana. Nas suas águas límpidas, encontra-se uma fauna diversificada, junto às rochas realçam-se os gastrópodes, como as litorinas, os caramujos, as cracas, as lapa e o ouriço-de-espinhos-compridos (Diadema antillarum), junto a estes estão diversas espécies de esponjas, anémonas e estrelas-do-mar. No que toca às espécies de peixes, encontram-se com mais frequência, a castanheta (Chromis limbata e Abudefduf luridus), taínha (Liza aurata), o boga (Boops boops), o sargo (Diplodus sp.), a garoupa (Serranus atricauda), o bodião (Sparisoma cretense), o peixe-cão (Bodianus scrofa), o peixe-verde (Thalassoma pavo). Ao longo das águas circundantes, é possível observar diversas espécies de tartarugas e cetáceos.
A flora das Ilhas Selvagens é constituída por diferentes espécies que se adaptaram às condições edafoclimáticas. As flores que cobrem o seu terreno têm uma representatividade endémica muito grande, face a toda a Região da Macaronésia. Já a vegetação da Selvagem Pequena e Ilhéu Fora é apenas composta por espécies indígenas e endémicas, puramente exclusivas do seu terreno, já a Selvagem Grande também tem um manto vegetal único com uma flora endémica, algumas comuns entre ilhas e outras exclusivas. Portanto, as Ilhas Selvagens contêm 11 espécies endémicas, como a cila-da-madeira (Autonoe madeirensis), estreleira (Argyranthemum thalassophilum), Lobularia canariensis ssp. rosula–venti, Lotus salvagensis, Monanthes lowei e figueira-do-inferno Euphorbia anachoreta. Para preservar e proteger este património natural, no ano de 2001, começou-se um trabalho de exterminação de plantas invasoras, monitorização de espécies como a tabaqueira Nicotiana glauca e mais recentemente, a Conyza bonariensis. Os fundos oceânicos irregulares permitem a colonização de algas fotófilas, entre cercas de 173 espécies de macroalgas, em especial as algas vermelhas.