Por Terra

Percursos pedestres, são apresentados alguns dos percursos pedestres mais relevantes no Arquipélago da Madeira.

Sobre rodas, de bicicleta, todo o terreno ou moto 4, os obstáculos do interior da Madeira, são aventuras inesquecíveis. Ou apenas com o objetivo de descobrir os tesouros escondidos na Madeira, é preciso apenas um GPS ou um Smartphone para fazer geocaching na Madeira. Já para os atletas que desejem correr e que procuram um contacto íntimo com a natureza madeirense, entre trilhos e caminhos de montanha, com um piso irregular e variados. Uma atividade que está a ganhar destaque é o canyoning, com uma técnica que envolve escalada, salto, rapel e nado, num desafio que é explorar uma ribeira e ultrapassar os seus obstáculos. E para aqueles que procurem uma visita mais calma, a viagem city sightseeing é a ideal, num autocarro que permite observar a paisagem panorâmica de 360º.

Atividades na Madeira

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Vereda do Areeiro

Interliga os dois picos mais altos da Madeira, o Pico Ruivo, com 1816 metros de altitude, e o Pico do Areeiro 1817 metros de altitude, num caminho que passa entre túneis, com declives acentuados e belas paisagens do Maciço Montanhoso Central, que se encontra integrado na Rede Natura 2000. Este percurso inicia-se junto da Pousa do Pico do Areeiro, muito próximo do miradouro do Ninho da Manta, um local em que a ave de rapina, Manta (Buteo buteo), costumava nidificar e que a espécie endémica Freira da Madeira (Pterodroma madeira) nidifica, é considerada a ave marinha mais ameaçada da Europa. Deste miradouro observa-se o vale da Fajã da Nogueira, São Roque do Faial e grande parte da Cordilheira Montanhosa Central. A parte considera mais difícil é a subida final, para alcançar a Casa de Abrigo do Pico Ruivo, passando por grutas escavadas nos tufos vulcânicos, em que os pastores e gado se refugiava. Ao longo do percurso são observadas diversas espécies de aves, em que se destacam o Canário (Serinus canaria), o Corre-caminhos (Anthus berthelotti madeirensis), a Andorinha-da-serra (Apus unicolor) e outras subespécies restritas ao Arquipélago da Madeira, Pardal-da-terra (Petronia petronia madeirensis), Tentilhão (Fringilla coelebs madeirensis) e o Bisbis (Regulus ignicapillus madeirensis); e a flora predominante avistada é a Urze da Madeira (Erica madeirensis), Violeta da Madeira (Viola paradoxa), Orquídea das rochas (Orchis scopolorum) e a Antilídea (Anthyllis lemanniana). O fim do percurso é alcançado na Casa do Abrigo do Pico Ruivo, em que se pode tomar uma vereda com acesso à Achada do Teixeira, oferecendo uma continuidade e ainda neste local está presente uma formação sobre a rochosa basáltica, reconhecida como “Homem em pé”.

  • Extensão – 7 km
  • Tempo Médio – 3h30

Vereda da Ilha

Inicia-se na Casa de Abrigo do Pico Ruivo e termina na freguesia da Ilha, descendo cerca de 1376 metros. No Vale da Lapa passa-se por cima do túnel até encontrar a Levada do Caldeirão Verde, podendo explorar o parque Florestal das Queimadas. Este trilho atravessa por dois tipos de ecossistemas, integrados na Rede Natura 2000, o Maciço Montanhoso Central e a Floresta Laurissilva. O Maciço Montanhoso Central contém picos que podem alcançar os 1200 metros de altitude e a sua vegetação herbácea e arbustiva encontram-se adaptadas às diferentes variações de temperatura, fortes chuvadas e ventos intensos, alguns vegetais centenários em destaque é o Urze das vassouras (Erica platycodon subsp. Maderincola). Ao longo da descida, é possível avistar florestas endémicas da Madeira, como a Floresta Laurissilva, na zona de nevoeiros, entre os 1200 e os 400 metros de altitude, a floresta adquire uma importância para as águas que acumulam nas suas folhas, assim que alcançam o solo, recarrega, as nascentes e as ribeiras. Nesta avista-se com regularidade o Bisbis (Regulus ignicapus madeirensis), um dos pássaros mais pequenos da Madeira, o Tentilhão (Fringilla coelebs) que se aproxima dos caminhantes e o Pombo trocaz (Columba trocaz trocaz). Sem qualquer dificuldade chega-se ao sítio da Ilha, em que a sua freguesia ascendeu desde 1989, pertencente ao concelho de Santana. O seu nome proveio da sua pequena área, a quem Jorge Pinto lhe denominou “morgadio da Ilha”.

  • Extensão – 8,2 km
  • Tempo Médio – 3h

Vereda do Pico Ruivo

Este percurso leva ao cume mais alto da Madeira, o Pico Ruivo, subindo ao longo do “lombo”, que separas as encostas do Faial e de Santana, este vai até à Achada do Teixeira. Nesta subida são encontrados diversos abrigos, devido às alterações climáticas. Esta área integrada na Rede Natura 2000, do seu lado esquerdo avista-se uma paisagem sobre o vale da Ribeira Seca, encimada pelo Pico das Torres, e ao fundo o Pico do Areeiro, e à direita vê-se as “empenas” da serra de Santana, em que se pode observar o Parque Florestal das Queimadas e a Achada do Marques, um pequeno aglomerado populacional caracterizado pelos palheiros e campos agrícolas, que surge no meio do vale da Ribeira dos Arcos. Já para o interior, está o vale da Ribeira Grande, que dá acesso ao Caldeirão Verde e Caldeirão do Inferno. Nos dias de boa visibilidade, é possível observar para este, a formação rochosa da Penha D´Águia, a Serra das Funduras e a Ponta de S. Lourenço. A Casa de Abrigo do Pico Ruivo contém outros três percursos que levam a distintos pontos da ilha, a Vereda do Pico Areeiro, a Vereda da Encumeada e a Vereda da Ilha.

  • Extensão – 2,8 km
  • Tempo Médio – 1h30

Vereda da Encumeada

Perto do Pico Ruivo, este trilho tem rumo ao ocidente da cordilheira central, até à Encumeada, podendo ser apreciadas as escarpas vulcânicas, envolvidas pela Laurissilva, que se encontra na Rede Natura 2000. Ao longo deste percurso, transita-se pelo escarpado vulcânico da Madeira, característico dos andares fito climáticos superiores a 1400 metros, do urzal de altitude até às envolventes espécies de floresta Laurissilva como o Til (Ocotea foetens), o Loureiro (Laurus novocanariensis), o Folhado (Clethra arborea), o Sanguinho (Rhamnus glandulosa), o Massaroco (Echium candicans), a Orquídea da Serra (Dactylorhiza foliosa) e a Estreleira (Argyranthemum pinnatifidum). Também podem ser encontradas várias escavadas nas rochas, tal como a Furna da Lapa da Cadela, em que os homens eram obrigados a passar para realizarem o corte das urzes para estacarias, lenha ou produção de carvão vegetal. Chegando à Encumeada, a sensação de estar no centro da ilha começa aumentar, visto que é possível, a partir desta, ver toda a ilha numa paisagem panorâmica, em que se destacam os vales do Curral das Freiras, as paisagens a Sul (Serra D´Água) como os vales de São Vicente a norte.

  • Extensão – 11,2 km
  • Tempo Médio – 6h

Vereda do Urzal

A iniciar na Fajã dos Cardos, no Curral das Freiras, este trilho percorre um antigo caminho que interliga a costa sul e a costa norte da ilha da Madeira, até à Boaventura. Este caminho é feito a subir até à Boca das Torrinhas, aqui é possível encontrar uma ligação com o percurso da Vereda da Encumeada. Na Boca das Torrinhas é possível observar o contraste entre o cume dos picos que envolvem o Curral das Freiras, em que se destaca o Pico Ruivo e vê-se a panorâmica do vale do Curral das Freiras. Depois desce-se até ao Lombo do Urzal, na freguesia da Boaventura. Este percurso deixa-se acompanhar pela vegetação da Laurissilva, que foi classificada como Património Mundial Natural pela UNESCO, em dezembro de 1999.

  • Extensão – 10,6 km
  • Tempo Médio – 4h30

Vereda Das Funduras

Começa no Miradouro da Portela, este detém uma vista sobre a costa norte da Madeira, que vai percorrendo até ao sul, até à serra de Machico, passando pela Penha d´Águia. Este percurso termina no sítio dos Maroços. O trilho percorre a estrada florestal as serra das Funduras, entrando depois na vereda pelo interior da floresta Laurissilva. Neste local, pode-se optar por seguir caminho até ao miradouro do Larano, com uma vista sobre a baía da cidade de Machico. Este trilho deixa-se acompanhar pela Floresta Laurissilva, essencial para a retenção de águas da chuva, este suporte endémico é importante para a manutenção das nascentes do concelho de Machico. Nesta destacam-se o Loureiro (Laurus novocanariensis), o Til (Ocotea foetens), o Vinhático (Persea indica) e menos frequente o Barbusano (Apollonias barbujana), o Folhado (Clethra arborea), o Azevinho (Ilex perado ssp. perado), o Pau Branco (Picconia excelsa), o Mocano (Pittosporum coriaceum), o outro Mocano (Visnea mocanera) e o Sanguinho (Rhamnus glandulosa). Já no outro lado do vale, avista-se o Santo da Serra, os picos Ruivo e Areeiro e as ilhas Desertas. Alcançando o núcleo populacional dos Maroços, que é atravessado pelos tradicionais poios em socalcos que caracterizam a paisagem agrícola da Madeira.

  • Extensão – 8,7 km
  • Tempo Médio – 3h

Levada das 25 Fontes/Levada do Risco

Este começa na descida até ao Rabaçal, seguidamente continua-se ao longo da levada até à queda de água e seguindo até à Lagoa das 25 Fontes, para se escolher entre dois trilhos, que levam para duas levadas paralelas. Estas recolhem as águas afluentes da Ribeira Grande e alimentam a central hidroelétrica da Calheta, para a rega de campos agrícolas. No ano de 1835, começou-se a construção da levada das 25 Fontes, reconhecida pela levada nova do Rabaçal e em 1855 correu pela primeira vez água, até aos campos agrícolas na Calheta. Aos 1000 metros de altitude, este trilho acompanha a levada do Risco, que encaminha para uma queda de água, formando um risco na rocha. Descendo até à Lagoa das 25 Fontes, que é formada pelas águas que descem do Paúl da Serra e reza a lenda que quem mergulhasse nunca mais apareceria à superfície, tendo acontecido a um inglês que quis quebrar essa superstição e nunca mais foi encontrado. Acima dos 1000 metros de altitude, surge uma comunidade vegetal em que o urzal é predominante, como as espécies de Urze molar (Erica arborea), Urze das vassouras (Erica platycodon subsp. maderincola) e Uveira da serra (Vaccinium padifolium). Abaixo desta altitude, e acompanhando a Lagoa das 25 Fontes, está a floresta Laurissilva, que acolhe o Pombo Trocaz (Columba trocaz trocaz), uma espécie endémica da ilha da Madeira.

  • Extensão – 4,6 km
  • Tempo Médio – 3h

Levada do Moinho

Este percorre a Levada do Moinho, um local em que já existiram diversos moinhos de água, desde a Ribeira da Cruz, no Porto Moniz, até ao sítio do Tornadouro, na Ponta do Pargo. Este começa na estrada regional ER 101, junto da Ribeira da Cruz, que separa o concelho do Porto Moniz e Calheta. Subindo até a levada, seguindo pelo caminho oposto ao das águas, alcança-se uma das nascentes que abastece esta levada, depois seguindo para a Junqueira, retoma-se o caminho a favor das águas. A levada Grande ou do Moinho é conhecida pelo seu longo trajeto que era acompanhando por diversos moinhos de água, em que se destacam, atualmente, as ruínas do moinho das Achadas, moinho das Cancelas e moinho da Levada Grande. A levada foi erguida para usufruto da população, que regava a zona do Pico Alto, abrangendo a Fajã do Nunes, grande parte da Vila, Fajã do barro, Fajã dos Barbusanos e Arrudal. Este trilho conclui-se no sítio do Tornadouro, na Junqueira, local em que a a levada se ramifica. Conforme a tradição, no sítio do Pico Alto, existe um lugar na levada, denominado por Anel, que era utilizado por duas senhoras leprosas, que viviam e não queriam contaminar a água da nascente, mais tarde este foi aproveitado para a rega dos terrenos do Pico Alto. Na serra da Ponta do Pargo, na Calheta, encontra-se uma nascente chamada Madre de Águas, que segundo os populares, esta foi a última a ser aproveitada. Durante a reconstrução da levada, os heréus da Levada do Moinho e os heréus da Levada da Ponta do Pargo criaram problemas nessa construção. Os Portimonenses transportavam consigo figos para a merenda de todos, e os Pargueiros alertaram para que as sementes dos figos eram venenosas, e enquanto estes separavam as sementes, os Portimonenses fizeram uma pequena levada que interligou a nascente de Madre de Água à levada do Moinho.

  • Extensão – 10,3 km
  • Tempo Médio – 3h30

Vereda da Ponta De São Lourenço

Esta visa a exploração da península de São Lourenço, entre o caminho ondulante e paisagens sobre as arribas da ponta, este percorre a Ponta de São Lourenço, que foi batizada com o nome da caravela de João Gonçalves Zarco, um dos três descobridores da ilha da Madeira. Esta península é de origem vulcânica, com formações maioritariamente basálticas e calcárias, é acompanhada pelo ilhéu da Cevada, da Metade ou dos Desembarcadouros, o ilhéu da Ponta de S. Lourenço, do Farol ou de Fora. Esta está classificada como reserva natural, parcialmente e o ilhéu do Desembarcadouro é reserva natural integral; toda a área terrestre e a marinha adjacente à costa norte, até à profundidade de 50 metros, estão integradas na Rede Natura 2000. O seu clima semiárido, juntamente com a exposição aos ventos do norte, desenvolveram uma vegetação rasteira, sem árvores, entre 138 espécies de plantas, cerca de 31 são endémicas da Madeira. Aqui encontram-se uma das grandes colónias de Gaivotas (Larus cachinnans atlantis) da Região, que nidificam no ilhéu do Desembarcadouro. Ao longo deste trilho é frequente o encontro com aves como o Corre-caminhos (Anthus bertheloti madeirensis), o Pintassilgo (Carduelis carduelis parva), o Canário-da-terra (Serinus canaria canaria), o Francelho (Falco tinunculus). Neste local também nidificam aves marinhas protegidas como a Cagarra (Calonectris diomedea), o Roque-de-castro (Oceanodroma castro), a Alma-negra (Bulweria bulwerii) e o Garajau-comum (Sterna hirundo), e com o único réptil terrestre desta ilha, a lagartixa (Lacerta dugesii). Em ambiente marinho, destaca-se o Lobo-marinho (Monachus monachus). No final deste caminho, encontra-se a casa do Sardinha, o nome da antiga família que era proprietária, que dá apoio aos vigilantes do serviço do Parque Natural da Madeira, responsável pela vigilância desta área. Na linha do horizonte, estão as ilhas Desertas e as ilhas do Porto Santo.

  • Extensão – 4 km
  • Tempo Médio – 2h30