Património de Olhão
Com mais de mil recantos a explorar, Olhão abre as suas portas para os mais aventureiros ou para os mais recatados. Todo o seu património, desde o mais antigo aos mais recente, atrai tanto pela sua história como pela sua beleza, é assim Olhão.
Compromisso Marítimo de Olhão – hoje em dia alberga o Museu da Cidade, sendo um edifício de grande valor histórico, que oferece a sua própria história, exibindo durante o ano várias exposições temporárias ou permanentes sobre temas relacionados com a cidade e o concelho. Data de 1768 a escritura pública com os dois mestres canteiros escolhidos para a realização da obra: João dos Santos Tavares e Álvaro da Silva. O edifício, de dois pisos e três frentes com um tratamento cuidado do frontispício, ficou concluído três anos depois, conforme se pode ler na sua fachada “Esta obra foi feita à custa dos mareantes da Nobre Casa do Corpo Santo deste lugar de Olhão, em tempo do Felicíssimo Reinado do Fidelíssimo Rei Senhor D. José, o Primeiro, que Deus guarde, sendo Juiz da mesma Casa, António de Gouveia, no ano de 1771”. Este espaço foi criado para apoiar os pescadores da cidade possuía, no piso térreo, uma botica (farmácia) e um açougue para serviço dos mareantes. No andar nobre localizava-se a Sala dos Despachos que apresenta uma pintura no forro de madeira da cobertura onde se destaca o brasão das armas reais portuguesas.
Mercados de Olhão – ex-libris da cidade olhanense, estes começaram a ser construídos em 1912, sendo inaugurados quatro anos depois. São um dos postais ilustrados de Olhão, há quase um século e são locais de visita obrigatória para turistas e residentes. Roubando espaço à Ria, consolidando-se as edificações através de um processo conhecido por bate-estacas, ficando cada um dos edifícios apoiado em oitenta e oito estacas, ligados entre si através de arcos de alvenaria de tijolo. É um local a visitar pelas suas características arquitetónicas, nomeadamente modelar da arquitetura do ferro e do vidro, o edifício, com enorme impacto urbanístico, em tijolo aparente e estrutura metálica, foi edificado para dotar a cidade de Olhão de uns mercados funcionais, o que veio a acontecer. Todos os dias melhor do peixe, dos frutos e das verduras são oferecidos. Submetidos a obras de reabilitação nos finais do século XX, mantêm o aspeto exterior, reabrindo ao público em 1998. Uma das novidades mais recentes é o seu interior, forrado com azulejos pintados por Costa Pinheiro.
Igreja Matriz de Nª Srª do Rosário – a edificação da antiga Igreja de Nossa Senhora do Rosário, e atual Igreja Matriz de Olhão, iniciou-se em1698, abrindo ao culto, ainda inacabada, em 1715, sendo que o contrato para a construção da sua torre data de 1722. Devido à sua importância, atrai muitos olhares dos turistas que visitam a zona histórica de Olhão, na baixa da cidade, em que está situada. Na segunda metade do século XVIII a sua fachada principal, uma das mais impressionantes de todo o Algarve, foi reformulada, passando a contar com um coroamento de feição triangular. No seu interior, de uma só nave e transepto ligeiramente saliente, existem cinco altares. A capela-mor tem um retábulo e arco triunfal em talha dourada, um teto decorado com um fresco e uma imagem de Nossa Senhora do Rosário.
Capela do Senhor dos Afllitos – com uma construção barroca, situa-se nas traseiras da Igreja Matriz, sendo constituída por dois andares. Esta capela ostenta ao centro um painel de azulejos com a Crucificação de Cristo. Transformou-se num local de culto para milhares de pessoas e, como tal, é também um local de visita obrigatório. Virada para a ampla e movimentada Avenida da República, este é ótimo ponto de partida para descobrir a cidade e o comércio local.
Monumento aos Heróis da Restauração – alusivo aos bravos homens que participaram na revolta contra os franceses em 1808, foi inaugurado em 1931, da autoria do arquiteto Carlos Chambers Ramos, que procurou harmonizá-lo com as caraterísticas principais da arquitetura tradicional olhanense. Situado bem perto da Igreja Matriz e da Capela do Senhor dos Aflitos, junto à Avenida da República, este monumento é parte integrante da cidade, devendo fazer parte dos roteiro de todos os que queiram conhecer a história da vitória do povo olhanense contra os franceses, e a consequente expulsão destes, em 1808.
Igreja de Nossa Senhora da Soledade – um local de culto, cuja construção data do início século XVII, altura em que surgem as primeiras referências à existência da capela de Nossa Senhora da Soledade, à época Capela de Nossa Senhora do Rosário, passou a paroquial com a criação da freguesia de Olhão, em 1695. É uma capela de planta longitudinal de nave única, coberta por abóbada assente em cornija, dividida em 3 tramos e iluminada por um janelão na parede de topo e por janelas nas ilhargas. De construção relativamente modesta, mas integrando elementos de alguma riqueza artística regional, como a cúpula sobre a capela-mor. No interior destacam-se os retábulos e uma imagem de Santa Luzia. Com um aspeto exterior marcado pela simplicidade, nem por isso deixa de apelar ao olhar interessado dos visitantes, que acabam por também descobrir o seu interior.
Zona Histórica – é um dos locais ‘obrigatórios’ a visitar em Olhão devido à sua tipicidade e à história que encerra. Desenvolve-se entre a Barreta, formada pelos núcleos do Gaibéu e do Manuel Lopes (a Poente), e o Bairro do Levante (a Nascente). Este local, bem perto da Ria Formosa, caraterizam-se pela disposição irregular do casario branco rematado por açoteias onde se elevam os mirantes e contramirantes, imprimindo-lhes um aspeto único. Também a diversidade de recantos, becos, ruelas e travessas, com janelas e portas debruadas com platibandas, são uma caraterística mais profunda desta zona. Os seus habitantes, alguns que já aqui vivem há décadas, continuam a povoar estas ruas cheias de encanto e tradição.
Jardim Pescador Olhanense – espaço de lazer da cidade, atrai a população e visitantes para momentos de passeio e convívio. Durante o ano, decorrem neste local vários eventos de índole cultural. Neste jardim encontra-se implantado um coreto, construção do século XX e excelente exemplo de arquitetura civil, de planta hexagonal com estrutura em metal que suporta uma cobertura semicircular. Nos vários bancos dispostos neste jardim, podemos contemplar painéis de azulejos que retratam a revolta do povo olhanense contra os franceses e a viagem do Caíque Bom Sucesso ao Brasil. É um dos postais ilustrados de Olhão, logo à entrada e junto à Ria Formosa, para quem chega de fora.
Jardim Patrão Joaquim Lopes – um espaço verde e de lazer situado junto à Ria Formosa, inaugurado em 1967, no qual podemos encontrar o monumento ao Patrão Joaquim Lopes, olhanense que se distinguiu pela sua valentia, tendo efetuado inúmeros salvamentos de naufrágios. Aqui, perto do local onde se apanham os barcos que fazem a travessia para as ilhas da Ria Formosa (Culatra, Armona e Farol), o mar e a história de tempos áureos conjugam-se. Com uma bela vista sobre a Ria, este jardim acolhe várias espécies arbóreas, tornando-se um local agradável para repouso e convívio.
Zona Ribeirinha – ao longo da Avenida 5 de Outubro, com vista panorâmica sobre a Ria Formosa e a arquitetura da cidade cubista. Nesta zona, salienta-se pela localização de inúmeros restaurantes que confecionam pratos típicos da região e atraem centenas de apreciadores diariamente, assim como as suas esplêndidas esplanadas e a intensa vida noturna. É, por estes motivos, uma das zonas nobres da cidade, à qual apetece sempre voltar. Outro dos atrativos desta zona são os mercados do peixe e das hortaliças, estrategicamente localizados nesta avenida sobranceira à Ria Formosa. É um dos centros de dinamismo da cidade olhanense, sempre com a Ria como pano de fundo.
Porto de Recreio – com capacidade para 350 embarcações, este revela-se uma excelente infraestrutura de apoio à náutica de recreio no Sotavento algarvio. No lado poente da Zona Ribeirinha, este de importante valor turístico, atrai muitos proprietários de embarcações de recreio, que aqui deixam ancorados os seus barcos, ficando alojados no hotel em frente ou noutras unidades hoteleiras do concelho e daqui partem à descoberta desta zona do Algarve. Com a cada vez mais forte aposta do concelho no turismo esta é, sem dúvida, uma infraestrutura de enorme importância a que, no futuro, se deverá juntar um anfiteatro ao ar livre e edifícios complementares com lojas e escritórios.
Porto de Pesca – o maior porto de pesca do Algarve abriga variados tipos de embarcações para a prática da mais simbólica atividade laboral de Olhão. Mais do que um ponto de interesse turístico, que o é, o Porto de Pesca de Olhão é um dos pilares da economia local. Neste porto, são descarregados diariamente, fruto da faina, muitas toneladas de peixe que chegam a milhares de cidadãos algarvios, às regiões limítrofes e até a Espanha. Sempre tem sido assim, desde a fundação do povoado até à elevação de Olhão a cidade. A pesca é a âncora deste viver e o Porto de Pesca o seu coração.
Chalé Dr. João Lúcio – na Quinta de Marim, a casa do poeta João Lúcio é de visita obrigatória para quem quer conhecer os belos chalés do início do século XX neste concelho. Começou a ser construído por volta de 1916, sendo a obra interrompida com a morte do seu proprietário, João Lúcio, advogado e poeta, em 1918. O edifício apresenta uma original composição. O Chalé João Lúcio é uma casa rotativa, de planta circular, desprovida de traseiras, logo, também, de uma fachada principal. A quadratura do círculo, presente em vários sistemas de pensamento, confere a esta casa, entre outros elementos, uma forte carga simbólica. Os acessos realizam-se a partir de quatro escadas distribuídas pelos pontos cardeais: a escadaria a norte tem a forma de peixe, a sul de guitarra, a nascente de violino e a poente de serpente. Assim, o peixe representa a água, a guitarra o fogo, o violino o ar e a serpente a terra.
Centro de Educação Ambiental de Marim – numa superfície de 60 hectares, este constitui zonas de mata, sapal, dunas, charcos e salinas, incluindo vários trilhos de observação da natureza, albergando também a sede do Parque Natural da Ria Formosa, um espaço destinado à criação do cão de água português, daqui oriundo, várias habitações tradicionais recuperadas e vestígios arqueológicos de um estabelecimento de salga de peixe da época romana do século III. Este Centro visa o desenvolvimento de atividades de sensibilização e educação ambiental e pretende representar as componentes naturais mais significativas desta área protegida, criada em 1987.
Caíque Bom Sucesso – aquando a expulsão das tropas francesas de Olhão e consequentemente do Algarve, em junho de 1808, o Caíque Bom Sucesso parte para o Brasil, para comunicar ao Rei a boa nova. A sua tripulação, oriunda de Olhão, enfrentou uma travessia tenebrosa e o seu piloto, sem qualquer aparelho de orientação ou carta marítima, guiou-se por estimativa traçada num primitivo mapa, aproveitando as correntes marítimas e os ventos favoráveis. Ao regressarem a Olhão, anunciam: o Príncipe Regente concedera ao antigo lugar de Olhão o honroso título de Vila de Olhão da Restauração. A réplica da embarcação original, está atracada junto aos Mercados Municipais de Olhão e permite a sua visita, para que a história dos heroicos olhanenses. O Caíque Bom Sucesso, antes de ‘ficar’ para a história, foi utilizado na pesca ao alto, no Mediterrâneo e Norte de África e também no transporte de mercadorias para cidades como Cádis, Tânger, Lisboa ou Porto.
Poço das Bombas – neste local existiu um poço que terá sido, durante muito anos, a principal fonte de abastecimento de água para consumo público da povoação, em que se reabasteciam os aguadeiros, que a distribuíam de porta em porta. Em 1998 foi alvo de reabilitação e hoje em dia, exibe um belíssimo painel de azulejos de Jorge Timóteo, alusivo aos aguadeiros, e uma pequena fonte ornamental com motivos aquáticos iluminados.
Ponte de Quelfes – constituída por um único arco de volta perfeita, a ponte de Quelfes não tem uma data concreta de construção, sendo que alguns autores apontam para o século I d.C. relacionando-a com as diversas estradas que cruzavam o território algarvio aquando da ocupação deste pelos povos oriundos da Península Itálica. Mas outros encontram caraterísticas arquitetónicas do período Medieval Tardio, com uma possível reconstrução e alargamento já na Idade Moderna. No entanto, esta estrutura guarda um significado muito especial para a população do Concelho, pois em 18 de julho de 1808 – dois dias depois de iniciada a revolta na Cidade de Olhão – é travada neste local uma batalha entre as forças leais à Coroa Portuguesa composta por homens de Moncarapacho e Olhão, contra as tropas francesas de Junot. A vitória dos olhanenses é assinalada com uma placa colocada nas imediações.
Igreja Matriz de Moncarapacho – dedicada a Nossa Senhora da Graça, é um dos monumentos religiosos a visitar no concelho de Olhão, de origem medieval, foi reconstruida no período renascentista. Nesta destaca-se o monumental pórtico, da autoria de André Pilarte, que constitui uma impressionante peça desta tipologia no Algarve. Este pórtico apresenta uma grande delicadeza no desenho dos elementos escultóricos, dos quais se destacam um turbulento Ecce Homo associado à representação da prisão de Cristo, figurada pelos soldados romanos e da Flagelação, representada pelas figuras com chicotes. Os grotescos que preenchem as pilastras e o friso superior são de grande qualidade plástica. No interior, imponente e solene, evidenciam-se as pinturas das capelas das Almas, do Calvário e de Santo António e a imaginária como a Nossa Senhora do Rosário e do Senhor da Paciência.
Igreja Matriz de Quelfes – o templo primitivo remonta aos finais do século XV, sofre uma grande transformação na segunda metade do século XVI, que lhe confere o seu aspeto recente. Inclui-se na tipologia de igrejas da transição do período Manuelino para o Renascimento, de capela-mor quadrada com abóbada de nervuras e três naves, quatro tramos e com cobertura de madeira. Evidencia-se o arco triunfal manuelino muito decorado, com grande qualidade escultórica, enquanto que a porta principal é já renascentista, com alçado retangular, enquadrada por duas pequenas pilastras lisas e capitéis de baços curvos.