Património de São Brás de Alportel
Com uma história de mil contos, São Brás de Alportel dedica-se ao seu património passado, do presente e do futuro.
Centro Histórico – um ponto privilegiado para partir à descoberta de São Brás de Alportel. O adro da Igreja Matriz oferece uma bela panorâmica, desde o barrocal até ao mar, e no seu entorno, pode encontrar algumas das mais valiosas joias do património concelhio. Em pleno coração da vila, pode apreciar os mais vistosos e importantes edifícios, entre o contraste dos edifícios altos e imponentes e as modestas habitações térreas, as ruas estreitas, os largos, os magníficos trabalhos em cantaria, as chaminés e as açoteias, todos estes caracterizam a arquitetura local. Destaca-se o edifício dos Paços do Concelho, uma casa cor-de-tijolo, que acolheu a Casa das Órfãs e foi berço do ilustre são-brasense Roberto Nobre, o antigo Palácio Episcopal e a Biblioteca Municipal Dr. Estanco Louro são locais a merecer a sua visita.
Largo da Praça – no núcleo antigo da vila, este Largo assumiu relevante importância no quotidiano da antiga aldeia. Guarda o nome da antiga praça que aqui se localizava, constituindo o mais importante centro comercial de então. Ao caminhar, por ruas e ruelas, pode apreciar alguns edifícios notáveis, como é exemplo a casa de estilo neo-árabe, com bonitas janelas de arco em ferradura, de finais do século XIX, bem como diversas habitações tradicionais, com vãos de portas e janelas emoldurados com cantarias, executadas por artesãos locais.
Igreja Matriz de São Brás de Alportel – remonta ao século XV, contudo só nos princípios do século seguinte surgem as primeiras referências documentais. Em 1554, foi reedificada, passando a ter três naves e cinco tramos, com arcarias plenas assentes em colunas de cantaria com capitéis toscanos. Porém com terramoto de 1755, danos consideráveis foram causados e uma nova campanha de obras ocorreu em 1799, acrescentando-se mais um tramo e construindo-se um novo frontispício. Em 1875, efetuou-se o último acrescentamento deste templo, destruiu-se a capela-mor levantando-se um largo transepto, uma nova ousia, sacristia e diversas arrecadações. O portal lateral de acesso ao exterior, situado no lado do evangelho, é de calcário e destaca-se o desenho da moldura, ao gosto tardo barroco com lacrimais nas ombreiras e verga arqueada, rematada por um friso interrompido, é o testemunho da campanha executada após o terramoto de 1755. De realçar o eixo marcado pelo portal de entrada, pelo janelão com remate triangular e por um expressivo frontão que se insere no barroco tardio, onde pontuam, entre outros elementos, as urnas funerárias. No baptistério encontra-se um retábulo em mármore, que segue o formulário neoclássico. Trata-se de um exemplar de grande qualidade e pouco frequente na região algarvia, pois são raros os retábulos em mármore. Na capela-mor estão colocadas quatro telas seiscentistas pintadas, numa delas está representada a Santíssima Trindade. Digno de nota são três esculturas que representam o arcanjo São Miguel, São Libório e Santa Eulá1ia, todas seiscentistas. O templo encontra-se enquadrado num agradável jardim em socalcos.
Paços do Município – no centro histórico da vila, no início da Rua Gago Coutinho, junto ao Largo da Igreja Matriz, o edifício dos Paços do Concelho constitui um importante elemento do património histórico de São Brás de Alportel. Mandado construir pelo Prior José Pedro da Costa Inglês em finais do século XIX, foi convertido em Câmara Municipal, pouco depois da implantação da República, após o processo de elevação de São Brás de Alportel a concelho, ocorrido a 1 de Junho de 1914.
Casa Berço de João Rosa Beatriz – aqui nasceu João Rosa Beatriz, fundador do município de São Brás de Alportel. O edifício, de finais do século XIX, foi, para além de casa de habitação, um estabelecimento comercial, de interesse para a dinâmica social da época. De arquitetura sóbria, tem várias portas e janelas que, no 1º andar são acompanhadas de sacada e guardas de ferro forjado. O frontão é rematado por uma estatueta de cerâmica. O amor pela sua terra levou João Rosa Beatriz a publicar, no início do século XX, um conjunto de postais que temos a honra de reeditar, nove décadas depois, em memória do fundador e primeiro administrador do concelho de São Brás de Alportel.
Antigo Palácio Episcopal e Jardim da Verbena – um edifício que remonta aos finais do século XVI, servindo de residência de veraneio aos bispos do Algarve. Da primitiva construção, restam ainda um jardim, conhecido pela população local como a “Verbena”, e uma fonte monumental de oito bicos, coberta por um formoso zimbório, que ostenta as armas do bispo D. António Pereira da Silva (1704-1515). Após a elevação da freguesia de Alportel a concelho, em 1914, este edifício acolheu a primeira escola primária.
“Calçadinha” de São Brás de Alportel – Verdadeiro ex-líbris arqueológico do concelho, esta convida para um passeio sobre pedras milenares, sugerindo a observação das características técnicas que a “Calçadinha” evidencia e à existência de antigos documentos, que se pensa que deste caminho deveria fazer parte, originalmente, do Itinerário XXI de Antonino, uma das mais importantes vias romanas do Sul da antiga província da Lusitânia. A “Calçadinha” seria uma via terrena, constituindo, provavelmente, uma ligação secundária entre a principal cidade do Algarve e sede de civitas – Ossonoba – (Faro) – e a capital conventual – Pax Iulia (Beja). O seu percurso desenvolve-se por uma extensão total de 1.480 metros, percorrendo um pequeno vale inserido a Sul da Vila, restando atualmente conservados dois troços, designados por A e B.
Centro Explicativo e de Acolhimento da Calçadinha – edifício do antigo Matadouro Municipal foi objeto de um projeto de beneficiação e adaptação e alberga agora o Centro Explicativo e de Acolhimento da Calçadinha de São Brás de Alportel, que visa a valorização deste património. Sendo um espaço de Interpretação do património arqueológico do concelho, este serve de ponto de partida à descoberta da “Calçadinha”, antiga via de origem romana, que apresenta visíveis dois troços – A e B – num total de 1480 metros. Encontra-se aberto terça-feira a sábado das 09h30 às 13h00 e 14h00 das 17h30.
Passo da Paixão – estando integrado na forte tradição da região algarvia, este terá sido construído na primeira metade do século XVIII, ostenta um frontão setecentista, cujos trabalhos em massa são característicos do Barroco. O Passo da Paixão pertence ao antigo percurso da Procissão do Senhor dos Passos, uma manifestação religiosa que deve ascender aos finais do século XVI, sendo um dos acontecimentos mais importantes do panorama religioso, que se perpetuou até aos nossos dias, realizando-se na Quaresma, período em que era tradição enfeitar o Passo, com muitas flores. Marca de fé e espiritualidade, o Passo da Paixão constitui uma forma visível e silenciosa de proclamar a Morte de Jesus Cristo e representa a Via-sacra de Jerusalém, simbolizando um passo da paixão de Cristo.
Ermida de S. Sebastião – o seu templo primitivo dedicado a São Sebastião, foi mandado erguer em 1673 pelo bispo D. Francisco Barreto II e localizava-se no atual Largo de São Sebastião, que na época correspondia à entrada da localidade. Dois séculos depois, no ano de 1893, por motivos de reorganização urbanística da então Aldeia, o templo foi demolido e reconstruido, alguns metros a poente, onde atualmente se encontra. Edifício de interesse, apresenta nave única e capela-mor retangulares e o seu frontispício tem um óculo e um frontão recortado.
Museu do Trajo – constitui um ponto de passagem obrigatório para o conhecimento da história e etnografia da região algarvia. Fundado em 1986, está inserido num edifício apalaçado, do século XIX, em que são constantes as decorações de estilo tardo romântico. Inicialmente propriedade do industrial corticeiro Miguel Andrade, é testemunho da expansão económica que São Brás de Alportel conheceu na época, quando se assumiu como um dos mais importantes centro corticeiros do país. O edifício senhorial que ao longo dos últimos 130 anos foi moradia das famílias Dias, Andrade e Sancho, encontra-se rodeado por infraestruturas que satisfaziam as necessidades de uma família abastada de finais do século XIX: casa de criados, mirante, cavalariças, cocheira, oficinas, casas agrícolas e horta. Aqui e ali os equipamentos indispensáveis à vida: poço e nora, moinho de vento, depósitos de água, cisterna, tanque de lavagens, canais de rega, entre outros. Embora de nítida influência urbana, o edifício retrata o modo de vida de uma família rural e endinheirada do interior algarvio. Os ventos de um romantismo tardio que soprou pelo Algarve durante as últimas décadas de oitocentos, deixaram em São Brás de Alportel este testemunho: pátios interiores, linhas neo-árabes, recantos, reixas, portas rematadas em forma de ferradura. Hoje, os tempos mudaram e como espaço museológico, este conhece um novo uso e diferentes funcionalidades. Há poucos anos, um novo edifício de traço contemporâneo, veio integrar-se na mescla de visões e influências que já existia. O lugar, esse, ganhou um novo fôlego ao abrir as portas a todos, sendo vivido pelas pessoas da terra como ponto de encontro de pessoas e de ideias.
Moinho do Bengado – no cimo dos montes, os velhos moinhos de vento são uma presença constante. Restaurado recentemente, o Moinho do Bengado aguarda a sua visita, para lhe contar as velhas histórias do tempo em que as suas velas davam ao povo o pão de cada dia. Este moinho, construído em 1850, de tipo mediterrânico, fixo, construído em pedra e com forma cilíndrica e uma área de 42,50 m2, constitui um exemplo de moinho de cabresto, o mais antigo sistema de tração por meio de corda e recurso a marcos, para a rotação do tejadilho, em busca do melhor quadrante.
Centro Museológico do Alportel – o projeto de criação deste centro integrou o Plano de Intervenção do Vale do Alportel, sendo co-financiado pelo Programa Comunitário AGRIS, que visa a valorização de uma área de 53,5km2, incluindo os sítios de Alportel, Juncais, Cova da Muda, Tareja, Bico Alto, Arimbo, Almargens, Alcaria, Tesoureiro, Farrobo, Cerro do Alportel, Malhão, São Romão e Soalheira, caracterizada por um valioso património rural e excelentes potencialidades naturais e paisagísticas, para o desenvolvimento turístico. Este centro encontra-se em pleno Vale do Alportel, na bonita localidade, com o mesmo nome, e pretende ser um contributo para o fomento da atividade cultural do município e para a valorização do património, constituindo um novo polo de interesse turístico, no âmbito de uma estratégia de desenvolvimento do turismo de qualidade, que tem por base a valorização do Património e da Natureza. Cultivar a memória das gentes do Alportel e da Serra, preservar o passado de uma Terra de Cortiça e Tradição, e dar a conhecer os Valores Naturais do Vale do Alportel, entre o barrocal e a serra, são alguns objetivos do Centro Museológico do Alportel. Um espaço do Município de São Brás de Alportel, dinamizado, em parceria, com a Sociedade Recreativa Alportelense e a colaboração do Museu do Trajo. A Igreja, ponto de encontro do povo; a Cortiça, que enforma o passado desta terra; a Estrada, porta sempre aberta, para as Terras de Alportel, são alguns do elementos temáticos do Centro Museológico.